Para se Inspirar




DESAFIO ⁄ na cadeira, Leonardo Porto, criador do design para a reportagem sobre crowdsourcing, com Rafael Costa, Victor Caputo, Maurício Moraes e Gustavo Poloni.
De tantas possibilidades que a internet trouxe para a vida das pessoas, talvez a mais impactante seja seu poder de estimular a colaboração. Nesta edição da INFO experimentamos de um modo diferente esse poder. Tudo começou com a ideia de fazer uma reportagem sobre crowdsourcing, modelo de produção que une, por meio da internet, jovens talentos de diversas áreas e empresas que procuram por soluções diferenciadas, seja para criar uma campanha publicitária, um logotipo ou um vídeo.
Para entender a fundo o conceito e ilustrar a reportagem, recorremos ao Zooppa, um site global em que o usuário cria conteúdo específico para um desafio proposto, que, no nosso caso, era o design das oito páginas da reportagem.
Publicamos um briefing do que seria o texto, as fotos a serem usadas, e as especificações gerais do nosso projeto gráfico.
Em duas semanas, 486 designers baixaram as informações e 23 nos enviaram propostas adequadas ao padrão da revista. O vencedor, Leonardo Porto, você vê aí na foto, sendo carregado pela equipe da INFO que trabalhou na matéria. Leonardo, 18 anos, cujo perfil está na seção Colaboradores, passou um dia na Redação para acompanhar a finalização das páginas que desenhou. Dois dias depois, embarcava para Nova York, onde vai estudar publicidade e design gráfico. Corra à página 50 para ver seu design e entender mais sobre crowdsourcing e consumo colaborativo, conceitos que podem mudar, no futuro, a forma como trabalhamos e consumimos.
Você tem ainda muito o que ler nesta edição. A reportagem de capa é inspiradora. A editora Renata Leal conta a história de empreendedores que criaram startups a partir de ideias próprias ou inspiradas em modelos bem-sucedidos. Eles souberam usar de forma criativa a internet e as redes sociais, como o Facebook, para inovar em negócios com grande potencial.
Dinheiro para financiar essas empresas novatas não falta. Nunca se viu tanto interesse dos fundos de investimentos estrangeiros pelo Brasil. Se está nos seus planos partir para um negócio próprio, a hora é esta.
Não perca ainda o teste dos novos sistemas operacionais para smartphones da Apple, o iOs 5, e da Microsoft, o Windows Phone 7.5; a história da entrada no Brasil da gigante Amazon, que antecipamos com exclusividade; a inspirada linha do tempo que conta os 10 anos do iPod, elaborada em detalhes pelo redator-chefe Gustavo Poloni e os designers Oga Mendonça e Yana Parente; e o divertido relato do colunista Dagomir Marquezi, que acordou em 2031 e nos manda notícias do futuro. Boa leitura e até outubro!
Fonte:
 
• Quarta-feira, 31 de agosto de 2011 - 21h05

Jornais não morrerão, diz Arianna Huffington




Arianna é uma das vozes do InfoTrends 2011
São Paulo - Em entrevista exclusiva a INFO, a jornalista e empresária Arianna Huffington, 61 anos, conta detalhes da chegada do site de notícias The Huffington Post ao Brasil, fala sobre a importância das redes sociais e de como a internet está mudando a maneira como consumimos notícias. Leia, abaixo, a íntegra da conversa.
O tema da sua palestra no InfoTrends será “Como as mídias sociais têm revolucionado as comunicações”. A senhora já tem uma resposta para isso?

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    A comunicação agora acontece em duas mãos. O Will.i.am (um dos cantores da banda Black Eyed Peas e diretor da Intel), descreveu essa revolução de maneira muito interessante. Ele disse que, no passado, consumíamos informação sentados no sofá. E que hoje consumimos galopando num cavalo. Não lemos mais uma reportagem. Nós compartilhamos. As pessoas querem fazer parte da história, querem produzir conteúdo. Elas querem contar suas histórias.

    A senhora acredita que todo mundo pode assumir o papel de jornalista por causa do celular com câmera e do poder das redes sociais?
    Pode. A diferença é que você tem de ser confiável. O fundador do Craiglist, Craig Newmark, disse que a confiança é o novo preto. A pessoa pode ter acesso a uma plataforma de distribuição, pode ser ouvida. Mas ela é confiável?

    A reinvenção do jornalismo por causa de sites como o Huffington Post e o Wikileaks valorizou a internet como uma fonte confiável de informação?
    Quando a internet começou, era como uma adolescente. Ficava acordada até tarde, bebia muito, saía com todo mundo. À medida que a internet cresceu, vemos que ela se transforma numa coisa híbrida. Ela consegue reunir as melhores qualidades da mídia tradicional, como integridade, precisão, transparência. Mas também traz algumas das melhores características da nova mídia, como interatividade e a notícia em tempo real.
    A senhora acha que hoje o Huffington Post é mais importante do que um jornal tradicional, como o The New York Times?
    O nosso DNA é diferente. Estamos preocupados com a notícia em tempo real, com mídias sociais e com o engajamento das pessoas. Nascemos na internet. De uns tempos para cá, começamos a produzir mais conteúdo próprio porque temos um time maior de jornalistas. Mas precisamos ficar de olho: a mídia antiga está ficando cada vez mais online. Por outro lado, fazemos cada vez mais conteúdo próprio.
    O Huffington Post ficou conhecido por agregar notícias de fontes diferentes. Por que mudar um modelo bem sucedido?
    Não mudamos. Hoje fazemos tudo: agregamos conteúdo, temos milhares de blogueiros, acabamos de atingir 100 milhões de comentários, oferecemos conteúdo para milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, somos uma empresa de jornalismo. Somos uma empresa híbrida. Para nós, não existe este ou aquele modelo ideal.
    A senhora acredita que, no futuro, sites como o Twitter serão a principal fonte de notícias das pessoas?
    Não. Sempre vai haver espaço para diferentes fontes de informação. Não acho que o jornal e a revista vão morrer. É uma coisa muito forte na nossa cultura. Gostamos de tomar um café folheando uma revista.
    Já há indícios de que usuários de redes sociais estariam cansados de sites como Facebook e Twitter. Qual é a próxima onda em redes sociais?
    Não acho que as pessoas estão cansadas. Acho que o que é cada vez mais importante para as pessoas é que elas consigam se desconectar das redes sociais. Elas precisam se conectar com elas mesmas. Vejo um desejo das pessoas de mudar de super conectados para desconectados uma parte do dia.
    As redes sociais podem ter um lado positivo, como vimos nos protestos no mundo árabe. Por outro lado, elas foram acusadas de incitar a violência em Londres. Qual é o verdadeiro papel das redes sociais quando o assunto é política?
    As redes sociais são uma força para o bem e para o mal. No mundo árabe, elas foram muito importante para as transformações que atingiram países como o Egito. No vandalismo de Londres, ela foi usada para acelerar a violência. As redes sociais estão aqui para ficar e sempre serão uma parte importante das nossas vidas. Estamos aprendendo a usá-las de forma mais responsável para que elas tenham um efeito positivo na sociedade.
    Os políticos e instituições terão de estar mais atentos e mais transparentes por causa de redes sociais? 
    Eles têm de ser mais responsáveis.
    Há países democráticos preocupados em controlar redes sociais e o acesso à internet?
    Acho que os países não democráticos estão mais preocupados. Eles tentam suprimir as redes sociais. Mas temos visto que, cada vez mais, elas conseguem driblar o controle.
    Em entrevista, o fundador do Gawker, Nick Denton, afirmou que o próximo desafio do site é fazer vídeos. Concorrer com redes de televisão é o futuro de publicações como o Gawker e o Huffington Post?
    Hoje as pessoas consumem televisão de forma diferente. As minhas filhas, que estão na faculdade, assistem aos seus programas preferidos no laptop. Elas podem abrir outras janelas e mergulhar em alguns assuntos. O consumo da televisão está mudando. Temos um grande investimento em vídeo, com estúdio onde produzimos conteúdo próprio. O vídeo é uma grande parte da nossa estratégia.
    O que a senhora vê como tendência, de futuro da internet?
    A internet ainda tem muito a crescer. Principalmente se comparado com a forma como as mídias impressas mudaram as coisas no passado. Hoje, a internet e as redes sociais afetam a forma como nos comunicamos, como interagimos, como nos divertimos, como os governos trabalham. Existem vários futuros possíveis. Um deles é um paradoxal. É aprender a desconectar. Na nossa redação, criamos salas onde as pessoas podem tirar sonecas no meio da tarde se estiverem cansadas. Temos um programa que ensina nossos funcionários a dormir melhor. Dizemos que eles não podem dormir com seus gadgets do lado da cama. Estamos todos sofrendo de uma falta de sabedoria. Precisamos ter certeza de que nos damos tempo suficiente para nos desconectarmos e sermos mais sábios. 

    A senhora acredita que estamos vivendo uma nova bolha na internet? Se estivermos, quais seriam as consequências dela?
    Estamos no meio de um crescimento muito grande de problema econômico. Se a economia continuar caindo, todas as áreas serão afetadas. Os nossos líderes acabaram de adotar as medidas corretas para fazer a economia crescer, para criar novos empregos. Estamos pagando um preço caro como resultado dessa política.
    O que as empresas.com precisam fazer para evitar a bolha?
    Acho que temos muitas empresas de internet estáveis, num estágio muito maduro. Muitos sites estão totalmente integrados com a economia.
    O Huffington Post está vindo para o Brasil?
    Sim. Estamos na fase de identificar editores e parceiros. Estamos muito animados com a chance de ir para o Brasil. É um período muito bom para investir no país. As redes sociais são uma grande parte da comunidade, as pessoas consomem conteúdo de uma forma muito avançada. É uma grande oportunidade.
    Tem data para isso?
    Até o final do ano.
    E qual será o modelo de negócio?
    O mesmo. Vamos fazer as mesmas coisas que fazemos aqui. São os mesmo quatro elementos: agregação, blogs, comentários e reportagens próprias. A receita virá de um modelo baseado em anúncios.
    Como o mercado brasileiro se diferencia do americano?
    Com a ascensão da nova classe média, tem muita oportunidade. Tem cada vez mais gente usando a internet, as redes sociais. Estou seguindo o comediante Rafinha Bastos e acho incrível ele ter tantos seguidores. Adoro a forma como pessoas comuns conseguiram encontrar uma voz. Quando os traficantes invadem favelas a comunidade ganha um jeito de falar as coisas. Esse é um exemplo incrível do uso das redes sociais.
    Com a crise econômica nos Estados Unidos e na Europa, qual é hoje o papel de países emergentes como China, Brasil e Índia na internet?
    O Brasil está vivendo o sonho americano, mais dos que os americanos estão. Existe uma mobilidade social para cima no país, enquanto aqui está acontecendo no caminho contrário. Temos mais de 100 milhões de pessoas que estão numa situação pior do que a que encontravam os seus pais.

    O que mudou na sua vida desde a venda do Huffington Post para a AOL?
    Não muita coisa. Ainda sou a diretora de redação dos nossos 50 sites, como o Huffington Post. Meu papel muito editorial. Só ficou muito maior, tenho mais responsabilidades.
    A senhora já disse que costuma se separar dos seus BlackBerrys quando vai dormir. Levar o Huffington Post para outros países não faz com que essa tarefa seja mais difícil?
    É sempre possível desligar. É assim que você recarrega as baterias e se torna uma pessoa melhor. Se você não consegue recarregar a energia você não consegue tomar as decisões certas.
    Fonte:
    Por Gustavo Poloni, de INFO
     
    • Terça-feira, 30 de agosto de 2011 - 20h42

    O que é crowdsourcing


    crowdsourcing é um modelo de produção que utiliza a inteligência e os conhecimentos coletivos e voluntários espalhados pela internet para resolver problemas, criar conteúdo e soluções ou desenvolver novas tecnologias.
    O crowdsourcing possui mão-de-obra barata, pessoas no dia-a-dia usam seus momentos ociosos para criar a colaboração.
    É uma nova e crescente ferramenta para a inovação. Utilizado adequadamente, pode gerar ideias novas, reduzir o tempo de investigação e de desenvolvimento dos projectos, diminuir nos custos, para além de criar uma relação directa e até uma ligação sentimental com os clientes.Dois bons exemplos de produtos obtidos através do sistema são os sistema operacional Linux e o navegador Firefox, que foram criados por um exército de voluntários ao redor do mundo.
    Comporta a noção de que o universo dos internautas pode fornecer informações mais exactas do que peritos individuais. A idéia é que o todo seja capaz de se auto-corrigir. Se um grande número de pessoas é capaz de corrigir os erros uns dos outros - quer estes sejam por ignorância ou preconceito – os resultados serão no global mais fiáveis do que a resposta de um indivíduo ou de um pequeno grupo. O maior exemplo desse conceito é a própria Wikipedia, que é praticamente tão precisa nas suas definições como uma enciclopédia tradicional e consideravelmente mais cómoda de usar.
    Como referem Tapscott e Antony D. Williams, em Wikinomics, as novas "armas de colaboração em massa", que têm um custo reduzido (desde as ligações Voip e software livre) permitem que muitos milhares de indivíduos e pequenos produtores criem em conjunto produtos, acedam a mercados e deliciem os seus clientes, o que no passado só as grandes empresas conseguiam. As pessoas agora partilham conhecimentos e recursos que lhes permitem criar uma vasta gama de bens e serviços que qualquer um pode usar e modificar.

    [editar]Contexto pedagógico

    As redes de comunicação que as escolas têm vindo a implementar, quer através da internet, quer com o recurso aos telemóveis, permitem uma conectividade permanente, promovendo uma comunicação permanente entre alunos, professores, pais, gestores das escolas, parceiros, ou seja, as forças "vivas" da comunidade, em que a resolução de problemas e o acto de aprender centra-se no significado do provérbio chinês que diz ser "é necessária toda a aldeia para criar cada criança".
    Em termos de educação, o que se pretende é uma escola aberta à comunidade, ao mundo, que partilhe os seus problemas, e que a solução dos mesmos resulte de um contributo "global", independentemente dos actores, em que as sinergias resultem na melhor solução para a questão em debate. Resultado destaconvergência tecnológica - telefone, computador - associados a esta rede global de comunicação que é a internet, a escola deixa de ser um espaço que trata de produzir, armazenar e distribuir informação/conhecimento, assente numa estrutura hierárquica, mas sim, na noção que os indivíduos exteriores ao espaço físico escolar, podem dar um contributo fundamental na análise dos problemas em estudo.

    Referências

    • BRABHAM, D. - Crowdsourcing as a Model for Problem Solving, An Introduction and Cases, Convergence: The International Journal of Research into New Media Technologies, London, Los Angeles, New Delhi and Singapore Vol 14(1): 75–90, 2008.
    • HOWE, J., The Rise of Crowdsourcing, Wired Magazine, 14(6), June 2006

    Fonte: