Auto-publicação

Os caminhos para o escritor ver seu trabalho publicado sem passar pela burocracia e formalidade das editoras tradicionais

Já se tornou clichê nos meios literários dizer que o trabalho do escritor não é fácil. Uma tarefa completamente solitária e que exige toda a força de vontade de alguém seguramente não é para qualquer um. Seria bonito dizer que a profissão de escritor exige um amor incomensurável pelas letras, pelas palavras, pela linguagem e pela atividade de contar histórias, mas a verdade é que a escritura de artigos, ensaios, poemas e romances é mais do que uma relação de amor com a escrita. A ideia de se tornar um escritor implica num caso de obsessão com o ato de escrever. E ninguém que não seja obcecado por contar histórias ou estóriasconsegue se manter nesse trabalho por muito tempo.
Histórias ou estórias
Alguns dicionaristas e gramáticos ainda respeitam essa divisão entre os dois vocábulos. De acordo com ela, a história é algo que realmente aconteceu e depois foi recontado e a estória é uma narrativa de ficção, inventada. O VOLP (Vocábulário da Língua Portuguesa) aceita as duas palavras para se falar de ficção, mas o Dicionário Aurélio sugere que se prefira a palavra história para ambas as acepções.
Mimese
Essa palavra grega signifca imitação ou representação. Um conceito apresentado pela Arte Poética de Aristóteles, em termos de literatura, significa a recriação que o escritor faz da realidade dentro de suas obras de ficção.
Kindle
É o e-book da Amazon, a maior livraria virtual do mundo. Um aparelho pequeno e leve, permite que o usuário altere o tamanho da fonte e que ele ouça o livro em vez de lê-lo. O Kindle serve unicamente como aparelho de leitura e além de comprar os livros da Amazon, o dono do aparelho pode também colocar em sua memória arquivos em PDF de seus livros preferidos sem precisar comprá-los.


O ofício do escritor é um balaio de problemáticas que precisam ser resolvidas uma a uma. Primeiro se tem uma ideia, aquela ideia que teima em não sair da cabeça e que vai se esparramando, criando tentáculos, até se tornar um universo ou o recorte de um universo quer funciona de acordo com os desígnios de seu criador, o escritor. Mas brincar de Deus não é uma tarefa fácil. A ideia deve ser trabalhada e retrabalhada, os parágrafos precisam ser trocados de lugar, as frases, cortadas e reescritas, até que o mundo criado pelo escritor faça sentido em si mesmo e comece a caminhar sozinho. Em entrevistas, quando perguntados sobre quando sabem que um projeto realmente chegará a algum lugar, quase todos os escritores dão a mesma resposta: eles passam a ter certeza de que uma ideia se transformará em um livro no momento em que seus personagens passam a ter vozes próprias, que fazem exigências e dão conselhos e quando a cópia do mundo, a mimese, criada pelo autor inicia o processo de funcionar sozinha, ditando suas próprias regras. Quando esse jogo começa, o escritor se vê num redemoinho criativo e o projeto do livro engata. Mas essa não é a última fase. Depois de tudo pronto, haverá a prova de fogo da literatura: convencer o departamento de avaliação de originais de alguma editora de que vale a pena publicar aquele livro.
Livros são como filhos para aqueles que os escreveram. E ver seu bebê rejeitado pelas editoras não é uma experiência fácil. Na maior parte das vezes, as editoras rejeitam originais pelo simples fato de eles serem ruins: autores que vieram dos contos não conseguem escrever de acordo com a estrutura de um romance; autores sem experiência prévia enviam histórias coalhadas de erros básicos; autores acreditam que alguém realmente vai querer ler mais de quinhentas páginas de uma história que não é interessante ou, de alguma forma, profunda. Outras vezes, o problema é que escritores novatos enviam seus manuscritos para as editoras erradas, cujos padrões de publicação não se coadunam com o tipo de história que o autor narra em seu livro. Alguns originais não interessam porque não oferecem possibilidades comerciais e outros pecam por abusar dos clichês que estão na moda no momento (veja quadro na página anterior). A lista de motivos para que um escritor não tenha seu livro publicado não tem fim. Mas os autores não se dão por vencidos e, com a internet e a popularização de leitores digitais, como o Kindle e o iPad, contam com uma nova arma para lutar na guerra do mercado editorial e fazer com que seus livros cheguem até os leitores: a autopublicação.
Os autores agora contam com uma nova arma para lutar na guerra do 
mercado editorial e fazer com que seus livros cheguem até os leitores

AUTOPUBLICAÇÃO
Existe um ditado que fala que, para completar seu ciclo de vida, um homem precisa plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Com a expansão do mercado de publicação para além das fronteiras das editoras e, principalmente, com a popularização do uso da internet como ferramenta de disseminação de conteúdo, é possível dizer que, hoje em dia, publicar um livro não é mais fácil do que plantar uma árvore, ao menos é menos complexo do que ter um filho. A web 2.0 está repleta de redes sociais: desde aquelas em que todo mundo tem perfils, como o Orkut, o Facebook e o Twitter, até as mais específicas, comos os fóruns e grupos de discussão por meio de e-mails. Com as informações pessoais, como, por exemplo, o gosto literário, de várias pessoas compartilhadas em plataformas que podem ser acessadas por qualquer um que se dê ao trabalho de criar um perfil, se tornou muito mais fácil e rápido conhecer pessoas através do mundo e poder conversar com elas e trocar experiências. No caso específico da literatura, a internet acabou por revelar que há muito mais pessoas do que era imaginado escrevendo ficção e desejando ardentemente que algum editor por acaso as descubra. Mas a coisa não é tão fácil assim.
Hoje não é raro que um novo talento literário seja descoberto por meio da rede mundial de computadores, uma vez que um bom texto ou uma boa história se espalham rapidamente e conseguem fãs, ou seja, um propenso público consumidor, num piscar de olhos. E aqui começa a questão comercial que muito tem assombrado o mercado editorial nos últimos anos: embora muitos "escritores de internet" afirmem que pretendem continuar em seu atual emprego, e que o ato de escrever histórias e compartilhá-las gratuitamente não passa de um hobby, é inegável que muitos deles gostariam de viver da escrita. Mas se o público desses escritores encontrou as histórias disponibilizadas para leitura ou download gratuito, a verdade é que boa parte deles não terá a disposição ou a condição de desembolsar dinheiro para comprar o livro físico se um dia ele for parar nas prateleiras de uma livraria.
Daqui em diante a questão se desenrola em várias direções diferentes. Comecemos pela dos leitores eletrônicos. Embora o preço desses equipamentos ainda esteja longe da realidade financeira do brasileiro médio, não se pode negar que investir num Kindle ou num Ipad é um bom negócio a longo prazo para o leitor voraz. O dono de um leitor eletrônico paga caro pelo equipamento, mas depois pode encher a memória de seu aparelho com livros que custam absurdamente menos do que um exemplar físico, já que não trazem imbutidos os custos do papel, das gráficas e da distribuição. Além disso, ele pode carregar em seu leitor um grande número de livros, algo que seria impossível com livros físicos, e que facilita viagens, passeios e até a leitura num ônibus ou metrô. E há também a vantagem de não precisar encontrar espaço em casa para guardar o livro depois de lê-lo, um grande problema para quem possui uma biblioteca enorme apertada dentro de um apartamento minúsculo.
Nos Estados Unidos, escritores principiantes não demoraram a perceber esse novo nicho do mercado e passaram a disponibilizar versões eletrônicas de seus livros em sites de grandes livrarias que já estão fazendo fortunas com livros para Ipad e Kindle. É justo para o escritor, pois o leitor paga para poder apreciar o seu trabalho, e é justo também para o leitor, que não precisa desembolsar uma grande quantia de dinheiro por um livro de um autor novo, que ele está comprando por conta e risco e do qual pode não gostar.
No Brasil, o mercado de livros eletrônicos ainda está engatinhando, já que os leitores ainda não foram popularizados. Consequentemente, nossa oferta de livros nesse formato em português, seja de clássicos ou novas produções, ainda é bastante limitada.
Clichês da moda
Amanda Hocking é uma escritora norte-americana de 26 anos de idade. Seus livros são histórias que tratam de amor e paranormalidade, voltados para o público adolescente. Ela os ofereceu a diversas editoras, que os recusaram porque imaginavam que a saga Crepúsculo e seus filhotes que geraram o boom da literatura sobre vampiros e seres sobrenaturais em geral eram um mercado que já estava começando a se saturar. Amanda, no entanto, não se deu por vencida e resolveu lançar seus livros de forma independente, para plataformas eletrônicas como o Kindle. Em um mês, Amanda conseguiu vender cerca de 100 mil livros, cada um por 99 centavos de dólar. Ao final de um ano, passou a se dedicar unicamente a escrever e pouco tempo depois conseguiu vender mais de 1 milhão de livros.Switched, Torn e Ascend são os nomes dos livros da trilogia de Amanda e as mesmas editoras que a recusaram tiveram de voltar atrás e agora estão fazendo propostas milionárias para tê-la em seu catálogo. Mas Amanda parece não querer sair do mundo dos livros eletrônicos, cuja renda é repassada quase que integralmente para ela, com o prejuízo apenas da parcela que ela paga para a loja virtual onde os livros estão disponibilizados.

AM MASTER OF MY FATE, I AM CAPTAIN OF MY SOUL
Eu sou o mestre do meu destino, eu sou o capitão da minha alma. Estes são os versos finais de 
Invictus, um poema vitoriano de William E. Henley, popularizado pelo filme Invictus, de Clint Eastwood. O filme conta a história de Nelson Mandela, figura histórica que é quase o epítome da perseverança. Esses versos servem também para representar muitos novos escritores, que decidem que vão viver de e para escrever, não importa o quão espinhosa a tarefa seja. Embora seja financeira e estrategicamente difícil escrever e publicar um livro físico e sair por aí tentando vendê-lo, não se trata de um trabalho impossível, desde que se conheça o mercado editorial e as ferramentas necessárias para tanto. Aí a internet entra como uma mão na roda para os escritores independentes. Além de servir como ferramenta de divulgação de marketing, ela oferece ao escritor o contato direto com seus leitores, que, diante de trechos ou mesmo capítulos inteiros de um livro, oferecem um feedback imediato que pode ser de grande ajuda para um escritor iniciante. Esse contato faz com que o escritor tenha uma percepção mais profunda dos anseios do seu público, do que seus leitores querem ler e de como a história deve seguir. É claro que muitos escritores escrevem mais para si mesmos do que para qualquer outra pessoa, mas no caso de escritores que almejam popularidade, descobrir o que seus leitores querem e quais os melhores caminhos para chegar até esse resultado é nada menos que a grande luz no fim do túnel.
Invictus
Do fundo desta noite que persiste A me envolver em breu - eterno e espesso, A qualquer deus - se algum acaso existe, Por mi'alma insubjugável agradeço. Nas garras do destino e seus estragos, Sob os golpes que o acaso atira e acerta, Nunca me lamentei - e ainda trago Minha cabeça - embora em sangue - ereta. Além deste oceano de lamúria, Somente o horror das trevas se divisa; Porém o tempo, a consumir-se em fúria, Não me amedronta, nem me martiriza. Por ser estreita a senda - eu não declino, Nem por pesada a mão que o mundo espalma; Eu sou dono e senhor de meu destino; Eu sou o comandante de minha alma
William Ernest Henley, Book of Verses (1888)
Nelson Mandela
Advogado, rebelde e ex-presidente da África do Sul, é um ícone da luta contra o Apartheid, sistema que separava os negros dos brancos. Mandela ficou preso por mais de duas décadas e contou que o poema Invictus era uma das coisas que lhe davam força para resistir aos problemas da prisão e se manter como um homem de bem.
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O BURACO DO COELHO
Em Alice no País das Maravilhas, clássicos de Lewis Carrol, a garota segue um coelho e adentra sua toca, um buraco que a levará a um mundo maravilhoso, mas também muito estranho e perigoso. Com o escritor novato não é diferente. Movido pelo desejo de escrever e ter suas histórias lidas e, na maior parte das vezes, desconhecedor dos meandros do mercado editorial, ele pode acabar se enganando e cometendo erros que lhe mancharão o nome. As editoras não têm esse nome à toa. Quando um livro é aceito por uma editora para publicação, inicia-se o processo de edição, que normalmente costuma levar em torno de um ano, quando se trata de um autor de primeira viagem. Durante esse período, o escritor e seu editor terão longas conversas, que seriam mais bem denominadas batalhas, se formos honestos. A obrigação do editor é melhorar o livro tanto quanto possível, tornando a história clara e funcional e limando tudo o que for desnecessário. No processo de edição, o autor precisará reescrever passagens ou até mesmo capítulos inteiros inúmeras vezes, até que o trabalho fique redondo. Tudo isso com o editor ali, como uma sombra, ajudando com preciosas sugestões. O editor serve tanto para animar o escritor quando este se desespera quanto como o freio que segura a imaginação do autor quando ela está indo longe demais ou na direção errada. Muitos dos escritores que se autopublicam trabalham sozinhos, sem a preciosa figura do editor e isso pode ser um problema grave para a qualidade do livro. Afinal de contas, todo escritor é uma espécie de ator, mas um ator que interpreta nada menos que todos os personagens de uma peça. Assim, uma pessoa de confiança que apareça com um alfinete para estourar o balão do ego do autor quando ele estiver indo muito longe é uma figura quase que indispensável.
Depois da fase de edição, um livro cuidado por uma editora costuma passar pelo preparador de texto. Há três características desejáveis num bom preparador de texto: gostar muito de ler e conhecer os mecanismos internos que regem uma boa obra; ter domínio da língua em que a obra foi escrita; e ser doentiamente curioso. O preparador de texto corrigirá os erros ortográficos e sintáticos que for encontrando pelo texto, além de apontar incongruências na narrativa e sugerir termos, palavras e mudanças que tornem a história mais fluida e agradável para o leitor. Depois do sair das mãos do preparador, o texto passará pelas mãos de dois revisores, que tentarão pegar todos os erros que o preparador não conseguiu capturar.
O escritor que se autopublica costuma pular direto da fase em que termina o livro para a do último revisor, tendo feito ele mesmo o papel de editor, preparador e primeiro revisor. Claro que o escritor pode ser uma pessoa cujo domínio do texto é excepcional e cujo resultado do trabalho seja nada menos que maravilhoso, mas até os autores mais geniais costumam esquecer uma vírgula aqui e se enrolar com uma conjugação cabeluda de verbo acolá. Portanto, o escritor que pretende se autopublicar precisará de um trabalho dobrado de autocrítica e atenção.
O rejeitador
Nos Estados Unidos, os escritores não costumam fazer contato direto com as editoras. Esse papel é dos agentes literários, que recebem os originais e as cartas de apresentação dos escritores que desejam ser publicados. Boa parte desses livros é recusada e uma assistente de uma agência literária de Nova York resolveu fazer um blog sobre isso. Essa garota, que mantém sua identidade em segredo, tem como trabalho ler as cartas e parte dos livros e aceitálos ou rejeitá-los. O conteúdo do blog é muito engraçado e, além de contar histórias que ninguém imaginaria que acontecem dentro de agências literárias, a garota dá dicas preciosas àqueles que querem ingressar no mercado editoral. No endereço http://rejecter.blogspot. com, em inglês.

VOCÊ É UM ESCRITOR, NÃO UM DESIGNER
A ecdótica é uma disciplina ministrada em vários cursos superiores que tratam da escrita. A função da ecdótica é procurar todos os erros de um documento, até que ele se torne perfeito. Nisso entram os estudos dos padrões gráficos, ou seja, as fontes, espaçamentos e numerações a serem usadas num livro de modo a torná-lo agradável para os olhos. O escritor que vai se autopublicar precisa prestar atenção a esses pequenos detalhes do processo final de feitura do seu livro. Além disso, há o grande curinga da capa. Todos sabem que essa história de que não se deve julgar um livro pela capa é uma grande balela e que a capa de um livro é seu grande cartão de visitas, pois é a primeira coisa com a qual o leitor irá se deparar. Uma capa cuja arte não seja bem-acabada ou que não diga absolutamente nada sobre o livro faz com que o propenso comprador do livro simplesmente não se interesse nem ao menos por folheá-lo, o que diminui, para não dizer destrói, suas chances de venda. Assim, contratar um bom designer para fazer o trabalho da capa e do miolo do livro é estritamente necessário para um livro seja visto nas prateleiras das livrarias.
O escritor que vai se autopublicar precisa prestar atenção aos
pequenos detalhes do processo final de feitura do seu livro
UMA HISTÓRIA QUE DEU CERTO
Em 2003, o jornalista Eduardo Spohr perdeu o emprego num portal de notícias que faliu por motivos relacionados à chamada bolha da internet. Ele já escrevia ficção havia muito tempo e resolveu usar o tempo livre para se dedicar a um projeto literário. Em 2005, seu livro, A Batalha do Apocalipse, estava pronto, mas ainda demoraria até 2007 para que os leitores pudessem pôr as mãos nele.
Eduardo fazia parte da equipe do Nerdcast, podcast do site Jovem Nerd (www.jovemnerd.com.br) . O site tem também uma loja virtual e os colegas de trabaho de Eduardo, após lerem os originais d'A Batalha do Apocalipse, que havia sido rejeitados por algumas editoras, sugeriram que ele disponibilizasse o livro para ser vendido por lá. Mais tarde, Eduardo ganhou um concurso de uma gráfica que lhe rendeu 100 exemplares impressos de seu livro. Colocados para vender na Nerdstore, eles se esgotaram em cinco horas e o autor resolveu correr o risco de bancar uma tiragem de mais 400 livros, que também se esgotaram rapidamente. Dois anos depois, já mais confiante, ele bancou uma nova tiragem, dessa vez de 4 mil exemplares, que foi vendida em cinco meses, novamente através do site. Nessa altura, várias editoras já estavam a par do sucesso do livro de Eduardo e as propostas começaram a aparecer. Eduardo aceitou a da editora Record, que publicou A Batalha do Apocalipse através do selo Verus, com primeira tiragem de 10 milexemplares.
Três anos depois, a vendagem d'A Batalha do Apocalipse já superou os 80 mil exemplares e levou Eduardo a um lugar ao qual os autores brasileiros não estão acostumados: a lista dos mais vendidos. Atualmente, o autor está trabalhando num projeto que se passará no mesmo universo do primeiro livro e que deve sair pela mesma editora no segundo semestre.
Para Eduardo, tanto a publicação independente quanto a publicação por meio das editoras têm suas vantagens e desvantagens: "A desvantagem da autopublicação é o fato de você ter que bancar a produção do seu bolso, o que muitas vezes é bastante caro. A vantagem é justamente não precisar esperar o convite das editoras. Se a sua obra for um sucesso na producão independente, certamente os editores vão te procurar, com contratos ainda melhores do que os que você teria inicialmente. Na publicação independente você tem um retorno mais rápido, com uma porcentagem maior de lucro. Na publicação tradicional você acaba ganhando pela quantidade", diz ele. Spohr não se esquece do papel preponderante que a interner teve como canal de vendas e divulgação de sua obra: "A internet é um espaço maravilhoso para que os leitores possam se reunir por afinidade. Acabei ganhando um público muito fiel e bacana, com o qual me comunico frequentemente".
Links
Clube dos autores
clubedosautores.com.br

Pioneiro no Brasil em publicação sob demanda: o autor fornece o livro em arquivo digital e diz quanto deseja de lucro. Quando cada exemplar do livro é comprado, o pedido vai diretamente para a gráfica, que imprime um a um, dá o acabamento final e despacha para o comprador. Há, ainda, a opção de comprar o livro em arquivo digital, em .pdf. O autor recebe os direitos autorais após acumular no mínimo R$ 100,00. O autor escolhe se produzirá a capa ou se usará uma capa padrão dentre as disponibilizadas pelo site. Existem "pacotes" à venda para revisão, diagramação e capa desenvolvida exclusivamente pelos profissionais do clube. A qualidade dos livros impressos ainda é longe de excelente e o valor de cada um sai um pouco alto, mas compensa a partir do momento que nem um centavo sai do bolso do autor e ainda assim ele permanece detentor dos direitos autorais.
Editora Cidadela 
www.cidadelaeditorial.com.br 
Também funciona com impressão sob demanda, mas aposta em maior participação do autor no processo de produção. É necessário que o autor faça um investimento mínimo de cinco exemplares iniciais. A revisão é por conta do autor, mas diagramação e a capa saem gratuitamente (embora haja a opção de o autor produzir a própria capa). A editora avisa a imprensa sobre seu lançamento e, caso algum entre em contato para saber mais, é o autor que fala com o meio de comunicação interessado.
Bookess 
www.bookess.com 
Apesar de contar com impressão das obras, o Bookess é mais focado na publicação online e funciona também como rede social: o livro em formato .pdf é disponibilizado para download e outros autores podem fazer comentários sobre ele, usuários podem seguir uns aos outros para saber o que têm lido ou escrito etc. Todos os serviços básicos do site são gratuitos e não há impressão mínima inicial. Serviços como revisão, diagramação, capa, ilustração e projeto gráfico estão disponíveis, mas são cobrados à parte.
AGbook 
www.agbook.com.br 
Funciona sob o mesmo sistema do Clube dos Autores, por ter os mesmos desenvolvedores. Eles trabalham em parceria com a gráfica AlphaGraphics, o que traz o maior diferencial do agbook: a possibilidade de o autor buscar seus livros em uma das filiais da gráfica, sem pagar frete.

Escritores & fanfictions
Leitores que acreditavam ter o pendor da escrita puderam se aproximar ainda mais de suas histórias favoritas por meio da fanfictions, mais conhecidas pela abreviação "fanfic". Numa fanfic, o fã pode aproveitar o que quiser de seus universos ficcionais preferidos e criar suas próprias histórias dentro deles. As possibilidades são infinitas: dois universos fantásticos como os de Harry Potter e Senhor dos Anéis podem ser unidos em uma só narrativa, um expediente denominado crossover. Mas nem tudo é liberdade: alguns escritores, como, por exemplo, Anne Rice, não permitem que sejam escritas fanfics sobre seus livros. Mas no geral, o ficwriter, ou escritor de fanfics, se vale de personagens criados por autores consagrados e faz deles o que quiser. Assim, ele se torna também um pouco escritor, apesar de seu trabalho ser bem menor: todos os personagens já estão criados e possuem características físicas e psicológicas e o universo em que eles estão inseridos já está pronto. As aglomareções de ficwriters em torno de seus livros, histórias em quadrinhos, seriados e filmes favoritos são chamadas de fandoms e existe uma infidade de sites e fóruns onde ficwirters e apreciadores podem se corresponder e trocar idéias. O maior site de fanfics é o fanfiction.net, que acabou por gerar um filhote, o ficitionpress.com, onde autores estreantes podem postar seus originais e discuti-los com os leitores.
Andressa Martin é professora de Literatura na rede particular de ensino, além de escritora em busca da autopublicação do primeiro livro

Fonte:

por Andressa Martin